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O Luto na era COVID-19

Ana Teixeira

Acesso em saudebemestar.pt
https://www.saudebemestar.pt/pt/blog/psicologia/luto-e-covid-19/

A perda de alguém que nos é significativo representa um acontecimento de vida potencialmente destruturante. Por mais que a morte seja um destino inevitável, é a verdade; um tema doloroso na nossa sociedade. O luto é assim uma resposta natural à perda de algo ou alguém significativo. É um processo psicológico necessário, permitindo ao enlutado vivenciar a sua dor emocional e adaptar-se gradualmente a um novo contexto de vida onde o ente querido está ausente.

O luto engloba um conjunto de manifestações clínicas, isto é, diversas respostas físicas, emocionais, cognitivas (pensamentos) e comportamentais face à perda.

  • Manifestações físicas: como a sensação de aperto no peito, vazio no estômago, falta de ar, cansaço acentuado…
  • Manifestações emocionais: tristeza, ansiedade, culpa, raiva, choque, solidão, saudade…
  • Manifestações cognitivas: preocupação, choque, negação, confusão mental, pensamentos ruminativos (não conseguir parar de pensar no ente querido ou nas circunstâncias da perda) …
  • Manifestações comportamentais: chorar, alterações do sono e do apetite, isolamento, agitação física ou sensação de lentidão…
Na verdade, não existem dois processos de luto iguais. Contudo, alguns fatores podem influenciar a forma como cada pessoa irá vivenciar o seu luto, fatores que podem facilitar ou dificultar este processo, como a qualidade e o tipo de relação com o ente querido, a presença ou ausência de suporte social, as próprias características de personalidade do enlutado e, ainda, as circunstâncias que rodearam a perda, isto é, a forma como a morte ocorreu. Importa destacar este último ponto, onde os estudos científicos indicam que parecem ser a perdas inesperadas, como situações de acidente ou doença súbita, que tornam o processo de luto mais difícil de ser elaborado, sendo até frequentemente designado de “luto traumático”. E perante o surgimento de uma pandemia a nível mundial, totalmente inesperada e que veio desafiar a nossa capacidade de controlo enquanto seres humanos, como “ficam” os lutos na era COVID-19?

O luto e a COVID-19
Desde o início da pandemia, somos diariamente invadidos com o tema da morte. Este confronto diário parece inevitavelmente suscitar a reflexão sobre a nossa própria finitude enquanto seres humanos. Sentimo-nos, por isso, mais vulneráveis e angustiados. Por mais que na atualidade o conhecimento sobre a pandemia seja mais sólido, a verdade é que as perdas por COVID-19 continuam a ser abruptas, difícil de encontrar um significado, surgindo frequentemente pensamentos como “Se esta pandemia não tivesse acontecido, ainda estaria vivo, pois estava bem de saúde…”. Ademais, o confronto diário com a morte pode evocar perdas passadas e trazer “ao de cima” lutos não resolvidos, representando uma angústia diária acrescida.

Devido ao distanciamento social exigido, frequentemente não existiu qualquer tempo de despedida por parte dos familiares. Nestas circunstâncias, assuntos ficaram pendentes, palavras ficaram por dizer, colocando a pessoa em luto num estado de grande angústia e de culpabilização. Não podemos esquecer ainda as restrições inerentes à realização das cerimónias fúnebres, as quais possuem uma função adaptativa muito importante. São rituais que permitem expressar a dor da perda, representar um momento de concretização das despedidas e de permitir a coesão social. A impossibilidade de estar presente no funeral ou de não existir a oportunidade de este ser realizado dentro das circunstâncias desejadas representa um fator de stresse acrescido. Tal dificulta a aceitação da própria perda, levando ao adiamento deste processo e potenciar, assim, o desenvolvimento de lutos traumáticos e problemas psicológicos, nomeadamente quadros clínicos de ansiedade e depressão.

O luto é também uma experiência familiar. A perda de um ente querido provoca uma desintegração no sentido de “unidade intacta”, onde a família terá que reencontrar a sua identidade e aprender a viver com o elemento ausente. Cada familiar terá o desafio de saber gerir o seu próprio sofrimento, mas também confrontar-se com as reações emocionais dos restantes elementos do agregado, que podem ser naturalmente distintas no sistema familiar. Por vezes, estas diferenças podem suscitar alguns conflitos no seio familiar, por um elemento, por exemplo, revelar uma maior necessidade de abordar a perda e, outro familiar, necessitar de um maior isolamento. Tolerância e empatia revelam-se assim necessárias, pois o luto é uma vivência única.

Neste luto familiar, é ainda frequente que os elementos mais jovens sejam “esquecidos”, com o intuito de proteção por parte dos cuidadores e de os afastar do sofrimento emocional. Contudo, desviar as crianças da vivência do luto tem um efeito negativo, levando ao bloqueio das suas emoções e potenciar o desenvolvimento de problemas psicológicos futuros. Serem parte integrante deste processo de perda permite, ainda, o desenvolvimento da sua maturidade emocional e resiliência. Revela-se assim fundamental uma comunicação honesta, acolher os elementos mais jovens neste processo, adaptando, naturalmente, as explicações sobre o que está acontecer consoante a idade e nível de compreensão da criança.

Sugestões para a pessoa em luto
  • Aceite e permita-se a expressar as suas emoções face à perda, pois “bloquear” o processo de luto só intensificará o seu sofrimento emocional;
  • Evite o isolamento, procurando conversar com familiares e/ou amigos que funcionem como fonte de suporte;
  • Comunique de forma assertiva as suas necessidades, para que familiares e amigos que o rodeiam possam também saber como apoiar;
  • Tente não se sentir pressionado perante exigências externas de como “se deve ou não fazer o luto”. Não existe uma forma correta de fazer o luto. É importante respeitar o seu próprio tempo e ritmo;
  • Na impossibilidade de despedida e realização de uma cerimónia fúnebre, encontre a sua forma particular de prestar homenagem ao ente-querido. Como gostaria de prestar uma última homenagem? Para algumas pessoas, recorrer à visualização de fotos do ente-querido, acender uma vela, partilhar memórias em família ou até construir uma caixa com “legados” (por exemplo, com objetos que pertenciam ao ente querido) funcionam como rituais importantes e tranquilizadores;
  • Dentro do possível, continue a investir em atividades ou tarefas que lhe dão prazer. Não sinta culpa por permitir-se sorrir ou ser feliz, pois “os sobreviventes continuam vivendo”.
  • Valorize o autocuidado, apostando na sua saúde física, como manter uma alimentação saudável e um padrão de sono regular, e emocional;
  • Se sentir que o seu sofrimento está a perturbar significativamente o seu dia-a-dia procure ajuda profissional. Um profissional de psicologia pode ajudar.
Por Ana Teixeira 26 set., 2022
Aritgo de opinião escrito para a comunidade Uniarea. Clique aqui para ler artigo completo.
Por Ana Teixeira 07 mai., 2021
O que é a Perturbação Borderline da Personalidade? A Perturbação Estado Limite (Borderline) da Personalidade diz respeito a uma estrutura de personalidade marcada por uma grande instabilidade a nível das relações interpessoais, dos afetos e da autoimagem, combinada ainda com uma grande impulsividade. Como tal, a Perturbação Borderline da Personalidade tende a provocar uma grande disfuncionalidade e sofrimento nos demais contextos de vida da pessoa, quer a nível pessoal, social e/ou laboral. Como é realizado o diagnóstico? O diagnóstico clínico da Perturbação Borderline da Personalidade obedece aos critérios de diagnóstico definidos pela quinta edição do Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais - DSM-V, desenvolvido pela American Psychiatric Association (APA) em 2013. Critérios de diagnóstico (APA, 2013): Padrão global de instabilidade no relacionamento interpessoal, na autoimagem e afetos, e impulsividade marcada, começando no início da idade adulta e presente numa variedade de contextos, como indicado por 5 ou mais dos seguintes critérios: Esforços frenéticos para evitar o abandono, real ou imaginado; Um padrão de relações interpessoais intensas e instáveis, caracterizado por uma alternância entre extremos de idealização e desvalorização; Perturbação de identidade: autoimagem ou sentimento de si próprio marcados e persistentemente instáveis; Impulsividade em pelo menos duas áreas que são potencialmente autolesivas (por exemplo, gastos, sexo, abuso de substâncias, condução imprudente, ingestão alimentar compulsiva); Comportamentos, gestos ou ameaças recorrentes de suicídio ou comportamento automutilante; Instabilidade afetiva devido a reatividade de humor marcada (por exemplo, episódios intensos de disforia, irritabilidade ou ansiedade, em regra durando poucas horas e raramente mais do que alguns dias); Sentimento crónico de vazio; Raiva intensa ou inapropriada, ou dificuldades em controlar a raiva (por exemplo, demostrações frequentemente de temperamento, raiva constante, lutas físicas recorrentes); Ideação paranoide transitória reativa ao stresse ou sintomas dissociativos graves. Outras características da P. Borderline da Personalidade Estima-se que a Perturbação Borderline da Personalidade esteja presente em cerca de 2% a 6% da população mundial, tendo sido predominantemente diagnosticada no sexo feminino (cerca de 75% nas mulheres e 25% nos homens). A Perturbação da Personalidade Borderline revela uma grande variabilidade, onde o padrão mais comum é a existência de uma instabilidade marcada no início da idade adulta, com a presença de episódios graves de descontrolo da afetividade e dos impulsos. No entanto, pode ser possível identificar alguns sinais clínicos no período da adolescência. Já com o avanço da idade, tende a existir uma estabilização desta perturbação, sobretudo na terceira/quarta década de vida, onde uma grande parte de pessoas com Perturbação Borderline da Personalidade alcança uma maior estabilidade nos seus relacionamentos e funcionamento afetivo. Como tal, o prognóstico da Perturbação Borderline da Personalidade poderá revelar-se favorável, sobretudo, se existir um acompanhamento terapêutico adequado. As características centrais desta perturbação de personalidade remetem para a presença de grandes flutuações, com períodos de grande confiança pessoal, a momentos de grande desespero e desorganização emocional, com rápidas mudanças de humor e medo intenso face ao abandono e rejeição. São pessoas emocionalmente muito instáveis, podendo rapidamente oscilar entre a alegria, a calma, ou a irritabilidade e a tristeza. Neste ponto, por vezes, tende a predominar alguma confusão entre a Personalidade Borderline e Perturbação Bipolar. Contudo, a primeira refere-se a um distúrbio de personalidade, remetendo para um padrão de pensamento e comportamento rígidos e desajustados, com alterações emocionais intensas e rápidas (por vezes, a ocorrer num só dia); já a Perturbação Bipolar é uma perturbação do humor, caracterizada por uma alternância de episódios de euforia (designados de mania), combinados com episódios depressivos, mas de maior duração (isto é, podem durar semanas ou meses). Todavia, os dois distúrbios podem coexistir, uma vez existirem comorbilidades associadas à Perturbação Borderline da Personalidade. A forma de sentir e pensar de uma pessoa com Perturbação Borderline da Personalidade é, assim, muitas vezes classificada de “tudo ou nada”, “preto ou branco”. Como tal, tendem a ver o mundo e as relações em polos de idealização e desvalorização: rapidamente a situação passa de fantástica a terrível, as pessoas de extraordinárias a malvadas. Em situações mais extremas e de grande stresse, podem surgir sintomas dissociativos graves, como delírios e alucinações auditivas e visuais, embora transitórios e de curta duração (distinguindo-se, assim, de um quadro de esquizofrenia). Pessoas com Perturbação Borderline da Personalidade podem revelar um padrão de “autossabotagem”, sobretudo quando estão perto de alcançar um objetivo – por exemplo, abandonar um percurso académico imediatamente antes da sua graduação, ou terminar uma relação positiva quando a mesma se pode revelar duradoura. A existência de um padrão instável na esfera interpessoal pode proporcionar que estes indivíduos sejam despedidos recorrentemente nos seus contextos laborais, assim como revelar uma sucessão de términos de relações e/ou divórcios. Ademais, pela possibilidade de existirem comportamentos autolesivos ou tentativas de suicídio, poderão resultar incapacidades físicas graves. Estes comportamentos autolesivos têm frequentemente a função de proporcionar alívio face a um sofrimento e stresse que são intoleráveis para a pessoa com Perturbação Borderline da Personalidade. As perturbações coocorrentes mais comuns com a Perturbação Borderline da Personalidade incluem a perturbação depressiva ou bipolar, perturbações de ansiedade, a perturbação de uso de substâncias e perturbações alimentares (particularmente a bulimia nervosa). Etiologia da P. Borderline da Personalidade A compreensão das causas que podem estar na origem da Perturbação Borderline da Personalidade são complexas e permanecem incertas. Alguns fatores, no entanto, podem exercer a sua contribuição. Ao nível de fatores genéticos, parece que a Perturbação Borderline da Personalidade é 5 vezes mais frequente em indivíduos que apresentam familiares de primeiro grau com a mesma perturbação. Fatores neurobiológicos parecem evidenciar alterações ao nível das estruturas e circuitos cerebrais, responsáveis pela regulação emocional, incluindo as áreas da amígdala, do hipocampo e das regiões do córtex orbitofrontal – relacionado com as emoções, o comportamento social e a personalidade. Fatores relacionados com a história individual/familiar parecem também revelar a sua influência, onde alguns indivíduos com Perturbação Borderline da Personalidade revelam uma história infantil marcada por abusos físicos, verbais e sexuais, negligência nos cuidados parentais, conflitos intensos no sistema familiar, ausência de afeto parental e/ou perda parental precoce. Intervenção Psicológica na P. Borderline da Personalidade A intervenção clínica ao nível da Perturbação Borderline da Personalidade é semelhante para a grande maioria das diferentes perturbações de personalidade. A psicoterapia revela-se a abordagem mais eficaz, permitindo uma exploração e revisão da história desenvolvimental da pessoa, potenciando a compreensão de padrões de funcionamento pessoal e relacional. Em algumas situações, a combinação com uma terapêutica farmacológica poderá fazer sentido, sobretudo na estabilização de sintomas comórbidos e/ou perante comportamentos autolesivos. Através de uma relação psicoterapêutica empática e colaborativa, procura-se também desenvolver estratégias de regulação emocional e do controlo de impulsos, assim como o desenvolvimento de relações interpessoais mais adaptativas. Procurar ajuda psicoterapêutica pode prevenir outras complicações e sofrimento.
Fobia Social
Por Ana Teixeira 13 mar., 2021
O que é ansiedade social? Certamente, todos nós ao longo da nossa vida já experienciamos situações de alguma ansiedade perante determinadas interações ou desafios sociais. Naturalmente, é esperado que perante um novo desafio – falar em público pela primeira vez numa palestra, ter uma entrevista de emprego ou ter um primeiro encontro – surjam sintomas de alguma ansiedade face ao nosso desempenho, uma vez que se trata de atividades nunca antes realizadas. Estas são situações consideráveis normativas, onde a ansiedade poderá surgir como adaptativa, impulsionando-nos para a ação. Contudo, em determinadas situações, a mesma ansiedade pode atingir níveis desproporcionais, interferindo negativamente no modo de vida da pessoa. O que é a perturbação da ansiedade social? A perturbação de ansiedade social, também designada por fobia social, diz respeito a um quadro clínico marcado pelo medo ou ansiedade intensa perante uma ou mais situações sociais onde a pessoa está exposta ao possível escrutínio dos outros, isto é, a uma possível análise, avaliação ou observação de terceiros. Possíveis situações sociais são, a título de exemplo, ter uma conversa ou um encontro social, ser observado em determinados contextos (como comer ou beber) e/ou estar em situações de desempenho (como falar em público). Estes contextos representam, assim, situações potencialmente ameaçadoras, desencadeando medo ou ansiedade intensa. A pessoa com perturbação de ansiedade social teme comportar-se ou mostrar sintomas e sinais de ansiedade (por exemplo, corar, suar, gaguejar, tremer…) que possam ser embaraçosos e observados pelos outros de uma forma negativa e humilhante. As situações socias são assim frequentemente evitadas ou enfrentadas pela pessoa com grande desconforto emocional, podendo, em algumas circunstâncias, desenvolver uma ansiedade antecipatória muito intensa ou mesmo um ataque de pânico. Por norma, o medo e a ansiedade são desproporcionais face ao perigo real que a situação social em si efetivamente provoca. Contudo, a pessoa que sofre de uma perturbação de ansiedade social tende a revelar um mal-estar clinicamente significativo, interferindo nas suas realizações pessoais, sociais e até ocupacionais. Sintomas da perturbação de ansiedade social Alguns sintomas fisiológicos possíveis de um quadro de ansiedade social são: Aumento do ritmo cardíaco; Tremores; Suores; Náuseas; Dificuldades em respirar; Boca seca; Gaguez; Dores abdominais; Tensão muscular; Dores de cabeça; Ruborização intensa (corar); Agitação motora. Consequências funcionais da perturbação de ansiedade social A gravidade da ansiedade social e a extensão das situações que provocam medo podem ser variadas. Em alguns indivíduos a ansiedade social pode estar limitada a determinadas situações – por exemplo, revelar uma ansiedade intensa perante uma exposição em contexto laboral, como ter uma reunião, mas sentir-se confortável num convívio social, enquanto outras pessoas podem revelar um padrão generalizado, onde a ansiedade e o medo emergem em quase todas as situações sociais. Em casos mais extremos, a pessoa poderá evitar comer, beber ou falar em espaços públicos, prevenindo-se de uma possível avaliação negativa do outro e da emergência de um sentimento de rejeição e de inadequação pessoal. Como tal, a perturbação de ansiedade social pode interferir na capacidade da pessoa em relacionar-se com o outro, mesmo nos contextos mais simples do dia-a-dia, de iniciar e manter relacionamentos saudáveis, assim como de se permitir a usufruir plenamente de situações de lazer, promovendo um forte sentimento de solidão. Ademais, um quadro de fobia social poderá perturbar as próprias escolhas e percurso escolar e/ou profissional; alguns indivíduos podem escolher intencionalmente profissões que exijam pouco contacto social, mesmo que não seja a carreira desejada, ou evitarem ativamente situações necessárias de avaliação e desempenho, o que leva a um prejuízo do seu desempenho e identidade profissional. Frequentemente, pessoas com fobia social reconhecem que os seus medos são excessivos e desproporcionais face à situação real, mas revelam grandes dificuldades na gestão emocional, potenciando um forte sentimento de incontrolabilidade, culpa e baixa autoestima. Causas e fatores de risco na ansiedade social Podemos identificar as seguintes causas / fatores de risco na perturbação de ansiedade social: Fatores temperamentais: indivíduos com perturbação de ansiedade social tendem já a apresentar traços de personalidade que remetem para um maior evitamento, timidez, inibição comportamental, perfecionismo e medo de avaliações negativas; Fatores genéticos: a perturbação de ansiedade social parece ser hereditária, onde os familiares de primeiro grau têm 2 a 6 vezes maior probabilidade de apresentar um quadro de ansiedade social; Fatores ambientais: determinados fatores relacionados com o ambiente e experiências de vida podem constituir fatores de risco, nomeadamente experiências precoces stressantes e de humilhação (por exemplo, bullying), ou mesmo relações de vinculação marcadas pela ausência de afeto e/ou violência. Timidez e ansiedade social – dois conceitos distintos Todos nós revelamos uma determinada estrutura de personalidade, pelo que naturalmente existem pessoas mais reservadas ou extrovertidas. Como tal, revelar uma maior ou menor timidez em situações sociais é um traço comum da personalidade e não representa uma patologia por si só. Também, é importante contextualizar o comportamento da pessoa face à sua própria história de vida, assim como considerar que o comportamento humano varia de acordo com as exigências do meio. Deste modo, existem diferenças importantes entre a fobia social e a timidez normativa. Quando a sintomatologia sentida vai para além de um mero desconforto ou ansiedade pontual, quando já existe um impacto significativo e adverso na vida da pessoa, ao ponto de limitar o seu funcionamento diário e rotinas pessoais, levanta-se a hipótese de uma perturbação de ansiedade social. Tratamento na ansiedade social A Psicoterapia revela-se a modalidade de intervenção mais eficaz em situação de Fobia Social, com destaque particular para a Terapia Cognitivo-Comportamental. Esta abordagem está centrada na psicoeducação acerca do distúrbio, na compreensão das relações entre emoções, pensamentos e comportamento que surgem nas situações sociais, assim como no desenvolvimento de estratégias adaptativas que visem a redução dos níveis de ansiedade – por exemplo, técnicas de relaxamento – e de promoção de competências sociais. A exploração da história pessoal de vida, com enfoque para acontecimentos significativos e relações interpessoais revela-se também importante, permitindo uma compreensão mais alargada dos possíveis fatores principiantes da patologia. É possível ultrapassar a fobia social. Procurar a ajuda psicoterapêutica pode prevenir outras complicações e sofrimento.
Por Ana Teixeira 17 fev., 2021
Depressão Pós-Parto
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